7.9.17

Bergman: Persona (1966)

Não sei bem como é que ali chegámos ou porquê, mas quando eu tinha uns 12 anos, a minha  mãe começou a chamar-me para o sofá enquanto via filmes na RTP2. Não me lembro quando vi Bergman a primeira vez ou o "Persona" a primeira vez e não sei quantas vezes vi o "Persona". Se passo muito tempo sem revê-lo começo a sentir falta de uma higiene qualquer, irritação cutânea incluída.

Creio que Elizabeth e Alma são uma e a mesma pessoa. Penso que a cena quase final, em que se enfrentam na luz e na escuridão, com metade do rosto visível e metade invisível, é um tratado sobre a personalidade, sobre aquilo que em cada um de nós queremos e podemos mostrar ou não, sobre a liberdade de escolher entre uma e outra coisa. Um tratado sobre soberania individual e interior. Mas Bergman não era de escrever tratados, Bergman fazia filmes. Não vamos ofendê-lo mastigando o "Persona". Há essas questões sobre luz, escuridão e soberania, sim, e quando permanecem por verbalizar são arrepiantes e fazem com que possamos voltar sempre ao filme, porque este é um filme que nunca se acaba. 

E são duas belas máscaras os rostos Liv Ullmann e Bibi Andersson nessa cena (é com pesar que noto que Bibi Anderson é, presentemente, uma senhora botox).

Adormeci várias vezes a ver o "Persona", acordei outras tantas a vê-lo e foi sempre bom.

* 5 caminhas *  

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